Obesidade

A prevalência da obesidade está aumentando em todo o mundo, no Brasil, aumentou cinco vezes nos últimos 20 anos e já atinge cerca de 10% das crianças brasileiras.

Causas da Obesidade

A obesidade é uma doença que afeta o indivíduo de forma física, psíquica e social, e tem como causa múltiplos fatores como doenças endocrinológicas; psiquiátricas; síndromes genética; sedentarismo; comportamento alimentar inadequado e fatores emocionais. Entretanto as condições médicas como as causas endocrinológicas, psquiátricas e genéticas são responsáveis por menos de 5% dos casos de obesidade.

A grande maioria (95% )das pessoas tornam-se obesas ou porque comem exageradamente e/ou porque gastam poucas calorias, deixando o balanço energético positivo (kcalorias ingeridas > kcal utilizadas).

A criança que tem um dos pais obeso, tem 50% de chance de se tornar uma criança obesa, e esse índice aumenta para 80% quando pai e a mãe são obesos. Neste caso o cuidado com a alimentação deve ser redobrado.

A participação dos pais é imprescindível para o tratamento da criança, assim como a de todos os familiares que convivem com a criança.

Ensinar as crianças a comer com qualidade é um dos grandes desafios da educação nutricional, pois é necessário driblar com a grande oferta de alimentos calóricos e pouco nutritivos, exige muita persistência, motivação, dedicação e principalmente o exemplo dos pais.

Diagnótico de Obesidade na criança

A medição do Índice de Massa Corporal (IMC) é o método mais simples para o diagnóstico de obesidade, embora apresente algumas limitações técnicas como não discriminar gordura e massa magra, mas ainda assim é o mais utilizado ainda hoje. Ele é calculado dividindo o peso corporal em quilogramas pelo quadrado da altura em metros. A partir do resultado deste cálculo, plotá-se o valor encontrado no gráfico específico para o sexo e idade e identifica-se a zona de risco em que a criança se encontra.

Outro método de diagnóstico é a medida da circunferência abdominal , mas não há valores de referência bem definidos para o diagnóstico em crianças
A distribuição da gordura é variável de pessoa para pessoa., e essa variação altera o risco de doenças associado ao excesso de peso. Existem dois tipos básicos de distribuição de gordura. A gordura concentrada particularmente da cintura para baixo, é chamada de obesidade ginóide ou em forma de pêra , já a gordura que se concentra no abdome, profundamente entre as vísceras, é chamada de obesidade andróide, em forma de maçã ou obesidade centrípeta. O tipo andróide é o que mais se relaciona com o maior risco cardiovascular.

As condições associadas à obesidade, como doenças cardiovasculares, diabetes, dislipidemia, hipertensão, osteoartrite, apnéia obstrutiva do sono, alterações dos ciclos menstruais e redução da fertilidade podem ser melhoradas com o emagrecimento.

Uma redução de 5% a 10% no seu peso corpóreo é uma medida efetiva ao combate das condições mórbidas que aumentam o risco cardiovascular.


Tratamento da Obesidade
O tratamento da criança obesa consiste em três pontos fundamentais: reeducação alimentar, atividade e exercícios físicos e acompanhamento sistemático com equipe de saúde (endocrinologista, nutricionista e em alguns casos, psicóloga)

O primeiro passo a ser avaliado é se existe uma motivação real para o desejo de perder peso. Um programa de perda de peso vai exigir dedicação e disciplina por parte de quem deseja emagrecer ou seu responsável. Toda mudança de hábito é inicialmente complicada, mas as vantagens advindas dessa mudança fazem com que as pessoas permaneçam buscando melhorias concretas.

O planejamento dietético é individualizado e baseia-se no estabelecimento de hábitos e práticas relacionados à escolha dos alimentos, comportamentos alimentares, adequação do gasto energético e redução da ingestão energética que terão que ser incorporados a longo prazo

O médico deve estar atento aos fatores que interferem de forma negativa no sucesso do tratamento e orientar estratégias para que este seja sustentável a longo prazo.

A idéia de reduzir o peso corporal de indivíduos obesos para valores considerados normais, através de dietas com conteúdo calórico muito baixo, vem sendo substituída por condutas menos ambiciosas e mais realistas, devido à impossibilidade de se conseguir, a longo prazo, atingir e manter o peso ideal na maioria dos casos.

O fator que dificulta o sucesso de dietas muito restritivas em termos calóricos, que produzem a curto prazo perdas ponderais significativas, é a tendência fisiológica do organismo de ativar mecanismos compensatórios para minimizar a perda de peso, através da redução na taxa de metabolismo basal.


 

Tratamento medicamentoso

Apesar de ser uma das enfermidades metabólicas mais antigas da humanidade, as opções farmacológicas para tratamento da obesidade são limitadas e apresentam diversos efeitos colaterais

O tratamento farmacológico deve e pode ser instituído quando necessário e com o intuito de auxiliar o paciente a mudar seu hábito alimentar e não simplesmente reduzir a sensação de fome e a ingestão alimentar durante a sua utilização.

Apesar de promissores, diversos estudos apresentaram resultados decepcionantes com o uso de variadas substâncias, mostrando que a descoberta de uma totalmente eficaz no tratamento da obesidade ainda é algo que se encontra distante, sendo que o tratamento dietético e a mudança de estilo de vida ainda são as medidas mais eficazes e essenciais no controle e perda de peso, mesmo quando se opta pelo tratamento cirúrgico da obesidade.


 

Cirurgia Bariátrica

Em alguns casos mais graves, as mudanças alimentares e a prática de atividades físicas são impossíveis de serem implementadas. Nestas situações, apenas uma intervenção médica mais efetiva, como a cirurgia bariática (cirurgia para redução do tamanho do estômago), deve resolver o problema. A maioria desses casos são aqueles em que o índice de massa corporal atinge valores superiores a 40 kg/m2.

Nestes obesos, os inúmeros tratamentos e a oscilação ponderal, além do potencial genético, agravam o quadro clínico. As doenças associadas à obesidade grau III (hipertensão arterial, artropatias, dislipidemias, diabetes, disfunções respiratórias, etc), geraram o termo “obesidade mórbida”, que deve ser abandonado.

Os cuidados a serem tomados antes e após a cirurgia vai depender de cada caso, mas no geral consiste na avaliação clínico-laboratorial e caso o paciente tenha algum problema, faz-se o tratamento e controle antes da cirurgia.

Existem contra-indicações para a realização desta cirurgia como, por exemplo, cirrose hepática, algumas doenças renais e psiquiátricas graves, vícios (droga, alcoolismo), disfunções hormonais e idade.

As pessoas que passam por uma cirurgia bariátrica necessitam de orientação nutricional permamente para suplementação da dieta com compostos ricos em proteínas, vitamina B12 e ferro. E acompanhamento psicólogico no intuito de auxiliá-la a lidar com uma nova fase, nova aparência, as dificuldades do pós-operatório e principalmente as limitações alimentares.

Independente da maneira a ser conduzido (dietético, medicamentoso ou cirúrgico), o tratamento da obesidade exige empenho e determinação, com identificação e mudança de componentes inadequados de estilo de vida do indivíduo, incluindo mudanças na alimentação e prática de atividade física

Será sempre necessário um suporte multiprofissional e a adequação da dieta às novas metas a serem alcançadas. Para garantir um bom nível de adesão e o sucesso terapêutico, sua motivação é essencial e pode ser auxiliada por orientações com embasamento técnico e científico de qualidade.