Diabetes

 

Entendendo o papel da glicose e da insulina no organismo:


A glicose é uma molécula simples de carboidrato, cuja principal função é fornecer energia para nossas células funcionarem. Praticamente todo alimento da classe dos carboidratos (frutas, cereais, mel, massas, pão, vegetais, etc.) possui glicose na sua composição.


O nosso corpo precisa de glicose para funcionar, ela é o nosso combustível. Na verdade, desde bactérias até o ser humano precisam da glicose para sobreviver. A glicose é a única molécula de carboidrato que pode nos fornecer energia.

Controle da glicose no sangue - Papel da insulina

Após uma refeição, os carboidratos que foram ingeridos passarão pelo processo da digestão. (digerir um carboidrato significa quebrá-lo em vários micro pedaços até que se libertem todos as moléculas de glicose). No intestino delgado, estas moléculas serão absorvidas, chegando à circulação sanguínea.


Após uma refeição, uma grande quantidade de glicose, chegam à corrente sanguínea, aumentando a concentração de glicose no sangue (glicemia). Sempre que há uma elevação na glicemia, o pâncreas libera um hormônio chamado insulina, que faz com que a glicose circulante no sangue entre nas células do nosso corpo, além de estimular o armazenamento de glicose no fígado, para que, em períodos de necessidade, o corpo tenha uma fonte de glicose que não dependa da alimentação. Estas duas ações da insulina promovem uma rápida queda na glicemia, fazendo com que os níveis de glicose se normalizem rapidamente.

Diabetes Mellitus


Diabetes mellitus é o nome dado ao grupo de doenças que cursam com uma dificuldade do organismo em controlar os níveis de glicose do sangue, mantendo-os sempre acima do normal.

Dizemos que o diabetes é um grupo de doenças porque existe mais de um tipo de diabetes, apresentando causas diferentes e mecanismos distintos para a desregulação da glicemia.

O diabetes surge pela produção insuficiente de insulina ou por uma incapacidade das células reconhecerem a presença da mesma (resistência insulínica), ou seja, existe insulina, mas ela não consegue colocar a glicose para dentro das células. Há casos ainda em que o paciente apresenta os dois problemas, além de produz pouca insulina, ela ainda funciona mal. 
O resultado final desta redução da produção de insulina, ou do seu mal funcionamento, é o acúmulo de glicose no sangue. O paciente se alimenta, recebe uma carga de glicose no sangue, mas as células não conseguem captá-lo, mantendo a glicemia elevada constantemente. Esta glicemia elevada, chamada de hiperglicemia, provoca dois grandes problemas. O primeiro, a curto prazo, é a falta de glicose nas células, que precisam da mesma para funcionar adequadamente, levando a farqueza, tontura, tremores, perda da consciência e até coma. O segundo, que ocorre após anos de doença, é a lesão dos vasos sanguíneos. O excesso de glicose é tóxico para as células dos vasos, fazendo com que as artérias de várias órgãos sofram progressivas lesões, levando às complicações típicas do diabetes, como problemas renais, cegueira, doenças cardiovasculares, lesões neurológicas, gangrena dos membros, etc.


Tipos de diabetes mellitus

Existem vários tipos de diabetes, mas dois respondem pela imensa maioria dos casos, são eles:

  • Diabetes tipo 1 (antigamente conhecido como insulino-dependente).

  • Diabetes tipo 2 (antigamente conhecido como não insulino-dependente).


 

DIABETES TIPO 1


O diabetes mellitus tipo 1 é uma doença autoimune, isto é, ocorre devido a produção equivocada de anticorpos contra as nossas próprias células, neste caso específico, contra as células beta do pâncreas, responsáveis pela produção de insulina.

Não sabemos exatamente o que desencadeia esta produção equivocada de auto anticorpos, mas sabe-se que há um fator genético importante. Todavia, só a genética não explica tudo, alguns fatores ambientais (infecções virais, contato com substâncias tóxicas, exposição ao leite de vaca ou glúten nos primeiros meses de vida ) também podem influenciar para o início da doença.

Conforme as células beta do pâncreas vão sendo destruídas, a capacidade de produção de insulina vai se reduzindo progressivamente. Quando mais de 80% destas células encontram-se destruídas, a quantidade de insulina presente já não é mais capaz de controlar a glicemia, surgindo, assim, o diabetes mellitus tipo 1.

Principais Sintomas

Vontade de urinar diversas vezes ao dia (pode-se encontrar formigas nas fraldas)

Sede constantemente

Fome constante

Perda de peso

Fraqueza

Mudanças de humor

Náuseas e vômitos


O diabetes tipo 1 é responsável por apenas 10% dos casos de diabetes na população geral, mas é o mais prevalente na infância e tem sua incidência aumentando nas última décadas nesta faixa etária, e como é uma doença que habitualmente surge nos primeiros anos de vida, costuma provocar complicações ainda na juventude. Por exemplo: um paciente com apenas 25 anos pode ter diabetes há mais de 20 anos, sofrendo, assim, as consequências da doença ainda jovem, principalmente se o controle do diabetes não tiver sido bem feito nestes anos todos.

 

Como o diabetes tipo 1 é provocado pela falta de insulina, o seu tratamento consiste basicamente na administração regular de insulina para controlar a glicemia.

DIABETES TIPO 2


O diabetes mellitus tipo 2 é uma doença que também apresenta algum grau de diminuição na produção de insulina, mas o principal problema é uma resistência do organismo à insulina produzida, fazendo com que as células não consigam captar a glicose circulante no sangue.

 

Sabe-se que o diabetes do tipo 2 possui um fator hereditário maior do que no tipo 1 e ocorre mais frequentemente em adultos, mas sua incidência vem aumentando bastante na faixa etária pediátrica devido aos maus hábitos alimentares e o sedentarismo que acomete cada vez mais essa população. O excesso de peso é o principal fator de risco para o diabetes tipo 2. A associação entre obesidade e diabetes tipo 2 é tão forte, que muitos pacientes podem até deixar de serem diabéticos se conseguirem emagrecer. O modo como o corpo armazena gordura também é relevante. Pessoas com acúmulo de gordura predominantemente na região abdominal (obesidade centrípeta) apresentam maior risco de desenvolver diabetes.

 

Principais Sintomas

Vontade de urinar diversas vezes ao dia

Sede constantemente

Infecções frequentes

Dificuldade na cicatrização de feridas

Furunculose


O diabetes tipo 2 vem muitas vezes acompanhado por outras condições, como hipertensão arterial e colesterol alto e obesidade centrípeta. Esta soma de condições clínicas (hiperglicemia, obesidade, hipertensão e colesterol alto) é chamada de síndrome metabólica, sendo um grande fator de risco para doenças cardiovasculares (como infarto agudo do miocárdio e acidente vascular cerebral).

 

Inicialmente, o diabetes tipo 2 pode ser tratado com medicações por via oral. Geralmente são drogas que estimulam a produção de insulina pelo pâncreas ou aumentam a sensibilidade das células à insulina presente.

Com o passar do tempo a própria glicemia alta causa lesão das células beta do pâncreas, fazendo com que haja uma redução progressiva da produção de insulina. Assim, é comum que pacientes com diabetes tipo 2, depois de muito anos de doença, passem a precisar de insulina para controlar sua glicemia.


 

PRÉ-DIABETES


O pré-diabetes é a situação na qual o organismo não consegue manter a glicemia em níveis normais, mas ela ainda não encontra-se elevada o suficiente para o diagnóstico do diabetes.

Em pessoas com funcionamento normal da insulina, a glicemia de jejum (pelo menos 8 horas de jejum) encontra-se sempre abaixo dos 100 mg/dl. Para o diagnóstico de diabetes é preciso uma glicemia de jejum persistentemente acima de 126 mg/dl. Portanto, todos aqueles com glicemia de jejum entre 100 e 125 mg/dl são considerados pré-diabético

Normalmente, os pacientes com glicemia de jejum alterada apresentam uma resistência insulínica. O pâncreas pode funcionar bem, mas as células não respondem como deveriam à insulina presente no sangue, fazendo com que a passagem da glicose para os tecidos fique prejudicada. A principal causa desta resistência à insulina é o excesso de peso e o acúmulo de gordura na região abdominal. As células de gordura têm mais dificuldades em utilizar a insulina do que as células dos músculos. Além disso, o excesso de gordura produz vários mediadores químicos que diminuem o efeito da insulina no corpo.
Pacientes com pré-diabetes apresentam elevado risco de evoluírem para o diabetes tipo 2 em curto ou médio prazo. A cada 100 pacientes diagnosticados com pré-diabetes, 10 desenvolvem diabetes no prazo de apenas um ano. Em 10 anos, mais de 50 desses pacientes terão evoluído para diabetes.