Crescimento

A fase de crescimento de um indivíduo começa no momento da fecundação e vai até por volta dos vinte anos de idade quando se completa o processo de maturação dos sistemas e crescimento estatural, marcando o início da fase adulta. Até os 2 anos de idade, o crescimento é MENOS influenciado pelo hormônio de crescimento e pela altura dos pais (fator genético) e MAIS influenciado pela alimentação (aporte calórico, aporte proteico e de vitaminas) e pelas condições que a criança teve dentro do útero.

Crianças Nascidas Pequenas (PIG)

Crianças nascidas a termo com menos de 2,5kg são consideradas como tendo baixo peso ao nascer e devem ser acompanhadas mais de perto pois podem não recuperar o crescimento como devido.Cerca de 10% não recuperam o crescimento adequadamente. Embora apresentem velocidade de crescimento normal, a distância delas até a normalidade é tão grande que não basta crescer normalmente – elas têm que fazer o que chamamos de “catch up”, ou seja, uma recuperação à custa de velocidade de crescimento acima do normal.

Nesta fase, o importante é garantir alimentação adequada e seguimento pediátrico regular. O pediatra pode ser o primeiro a identificar alguma alteração importante que necessite ser investigada. 

Crescimento Normal 

A velocidade de crescimento durante os primeiros anos de vida das crianças é impressionante! São 25 cm no primeiro 

ano e 10-15 cm no segundo ano. A partir dos 2 anos de idade, a velocidade de crescimento cai para 4 a 6 cm ao ano. Esta  redução da velocidade de crescimento explica, em parte, a redução no apetite das crianças, queixa tão comum entre as mães. Na verdade, a necessidade metabólica diminui a partir dos 2-3 anos de vida, e volta a aumentar na puberdade, onde se atinge 10-12 cm de velocidade de crescimento ao ano.

Principais hormônios do crescimento.
Embora vários hormônios, nutrientes, condições fisiológicas e psicológicas participem do crescimento podemos destacar dois hormônios principais:

  • Hormônio de crescimento: produzido pela hipófise, uma glândula localizada na base do cérebro do tamanho de uma ervilha.

  • IGF1: produzido pelo fígado sob estímulo do hormônio de crescimento. É o IGF1 que vai até a cartilagem do osso e promove o crescimento.

Baixa Estatura

A baixa estatura ou crescimento deficiente pode ser caracterizada por :

  • Altura abaixo da esperada quando comparada à população geral, ou seja quando a altura da criança está abaixo do percentil 3 do gráfico de altura da população para aquela idade e sexo. (Estar abaixo do percentil 3 significa estar entre os três menores quando comparado a outras 99 pessoas do mesmo sexo e idade).

  • Altura abaixo da esperada quando comparada ao seu potencial familiar. De acordo com a estatura dos pais, toda criança possui uma faixa de estatura final esperada. Se a altura de uma criança está abaixo do canal familiar que conduz o crescimento para a sua faixa de estatura final esperada, a baixa estatura deve ser investigada.

  • Velocidade crescimento abaixo do esperado para a faixa de idade.

    Causas de baixa estatura


  • A causa da baixa estatura é multifatorial, ou seja, vários fatores podem estar participando da deficiência de crescimento. A desnutrição, maus hábitos alimentares ou problemas de absorção intestinal. Doenças genéticas, respiratórias, renais, intestinais e cardíacas além de fatores comportamentais como sedentarismo, stress, maus-tratos e sono inadequado também podem contribuir para a baixa estatura. Entre as causas hormonais, as principais são o hipotireoidismo e a deficiência do hormônio de crescimento.

    Avaliação de uma criança com baixa estatura

    Ao avaliar uma criança ou adolescente com baixa estatura, são necessárias algumas informações importantes, como eventos ocorridos durante o período da gestação, do nascimento e da primeira infância. Aspectos ligados à alimentação, medicamentos em uso, exercícios, comportamento psicossocial e sono, uma vez que ter um sono reparador é fundamental para que ocorram vários processos metabólicos que, se alterados, podem afetar o equilíbrio de todo o organismo.

    No exame físico, a avaliação deve ser completa, inclusive no que se refere ao desenvolvimento da puberdade. É essencial que a estatura do paciente seja medida com estadiômetro de precisão com escala em milímetros para evitar erros de cálculos e diagnóstico. Se um dos pais não puder comparecer à consulta, deverá enviar sua altura atualizada para o cálculo do potencial familiar. Os valores de altura, peso e velocidade de crescimento são avaliados em gráficos ou em um programa específico de computador que facilita os cálculos e a visualização dos resultados. Além do peso em uma balança confiável.

    Outra recomendação importante: a criança deve ser levada ao médico para avaliação de baixa estatura ANTES do início da puberdade (8-10 anos para meninas e meninos). Os resultados do tratamento para crescer são muito melhores na criança que, ainda, não tem sinais de puberdade

    Exames como raio-x de idade óssea ou de outras partes do corpo, ressonância magnética, exames de sangue e urina podem ser necessários de acordo com os achados da avaliação clínica.

    Tratamento da baixa estatura

    Os resultados dos exames, associado às demais informações (velocidade de crescimento, estatura dos pais, antecedentes da criança), permitirão avaliar a necessidade de tratar com hormônio do crescimento ou não.

    O tratamento da baixa estatura com hormônio do crescimento tem as seguintes indicações bem estabelecidas pelo Ministério da Saúde:

    • Deficiência do Hormônio do Crescimento

    • Síndrome de Turner (quando falta um dos cromossomos sexuais, levando a baixa estatura acentuada)

    • Insuficiência Renal Crônica

    • Crianças nascidas pequenas para a idade gestacional

    • Síndrome de Prader-Willi

    Outras indicações não-clássicas englobam baixa estatura idiopática, uso prolongado de corticóide, entre outras situações.

    O tratamento com hormônio do crescimento (GH) é injetável, feito com aplicações diárias no subcutâneo através de canetas aplicadoras e é praticamente indolor. Apesar de ser relativamente caro, o governo dispõe de programas que fornecem o medicamento para muitos casos.

    Cuidado: cremes, gel, comprimidos sublinguais e sprays nasais que dizem conter hormônio de crescimento NÃO funcionam para este fim.

    O tratamento de suporte é muito importante e envolve a correção de hábitos alimentares, estímulo à atividade física e ao sono adequado.

    Quando se confirmam doenças ou carências nutricionais o uso de medicamentos ou suplementos alimentares podem também estar indicados.